“Comédia insistiu M. Teixeira-Gomes em chamar a esta sua peça de teatro em que há veneno e morte em cena. Tal indicia a presença soberana da ironia mesmo nas cenas aparentemente mais trágicas. Nunca, ou quase nunca, de facto, a ironia se ausenta das réplicas de Sabina Freira, excepto quando ela entoa o hino à vida, mas à vida plena, livre e triunfal, que nada tem a ver com os arremedos lusitanos da pífia corte de D. Maria Freire, metáfora do atraso do país, dos seus mesquinhos vícios e dos seus ridículos, nos últimos anos da monarquia.
A apologia do crime racional feita por sabina tem alguma coisa a ver com o elogio nitzscheano da virtus antiga. Não há dúvida de que é ela, apesar de uma certa ferocidade radiosa (que a levará a ir até ao fim na vingança) a única figura de luz, entre os baços manequins que cavaqueiam e fazem vénias no palácio provincianos dos Freires.”
(Excerto de Urbano Tavares Rodrigues no prefácio da 4ª edição).
Sem comentários:
Enviar um comentário